Hoje pensava em como é bom ser enfermeira!
Pensava na forma como nos olham, como nos tratam, como nos dão um abraço, como nos passam simplesmente a mão pelas costas. Tem sabor especial, acreditem ou não! Comecei este dia, sabendo que ia acabar tarde, mas a verdade é que nem dei conta do tempo passar. Acho que quando estamos a fazer algo que nos deixa bem, do qual gostamos mesmo, as horas parecem minutos. E foi mesmo assim.
Depois de um banho de água bem quente e de uma sopinha ainda mais quente, é inevitável não pensar em alguns momentos do meu dia. Durante a manhã visitei uma senhora, que como tantas outras tem os seus problemas, pais dependentes, uma família pela qual se sente responsável, e ainda a sua própria doença. Muitas foram as vezes que fez referência a um conjunto de palavras que de vez em quando assaltam a minha mente e me levam para pensamentos diversos… “Preciso de ajuda Sr.ª Enfermeira”. Gostava que às vezes dependesse mais de nós esta ajuda, mas a verdade é que fazemos literalmente o que está ao nosso alcance. Hoje aprendi uma pequena lição… esta mesma senhora perguntou-me que idade é que lhe dava… arrisquei os 60! (maldito o minuto que este número me saiu pela boca). Olhei, à espera da resposta, e a resposta estava mesmo à minha frente, quando olhei e vi umas consideráveis lágrimas a correrem pela sua face, e a seguinte frase “ é isto que me deixa realmente triste, tenho 49 anos!”. Resultado? Senti-me mal durante todo o dia, e agora que penso nisso, sinto o estômago a “embrulhar-se”. Por detrás de 49 anos estão uma vida complicada, uns quantos esgotamentos, uma quantidade considerável de medicamentos do foro psiquiátrico e uma reforma por invalidez, que mostram uma pessoa com a idade na qual apostei, mas que na verdade não é. Pensava no quão triste é olhar-se ao espelho e ver-se assim, e em como não existem palavras possíveis que possam mudar isso. Partiu-me literalmente o coração! Não consigo deixar de pensar que há vidas tão, mas tão complicadas, que da próxima vez que lamentar a minha vou pensar umas quantas vezes.
Mas parece que os dias nos pregam partidas, porque a tarde fez com que me esquecesse um pouco das vidas complicadas, de pessoas que vivem em condições que arrepiam só de pensar, e me dedicasse aos mais pequeninos. Foi uma tarde divertida, mas que acima de tudo tentou consciencializar os pais para a alimentação dos seus filhos e de um problema chamado obesidade infantil. Todos (pais, filhos, avós, profissionais de saúde, professores) tiveram a oportunidade de participar num conjunto de actividades que visavam a promoção de uma alimentação saudável e do exercício físico. Aprendemos uns com os outros, rimos em conjunto!
Desde a senhora que visitei de manhã até aos meninos de palmo e meio, apetece-me agradecer-lhes por (também a mim) me terem feito pensar e por terem tornado esta sexta feira (ainda mais!) diferente!
Foi um dia (bem!) cheio! =)
